Dançando a missão

Foto: Cláudia Prado


Nos passos da Dança Circular Sagrada, piso suavemente desenhando flores no chão. Vejo o círculo expandindo em ondas que reverberam invisivelmente uma poderosa força de transformação. Do centro para fora, os raios pulsam a clareza do dia, em puro movimento de abertura e amplidão. De dentro, a luz rompe a inércia e brilha além da sombra da estagnação. Caminho os passos da minha missão!

Celebro a vida que pulsa dentro de cada coração. Seres da terra e do céu, criaturinhas pequenas como as abelhas e as formigas, grilos, cigarras, pássaros e borboletas embelezam as cores e os sons do bosque que abriga nossa roda há dois anos. No ritmo coletivo, com passos únicos e individuais, vivenciamos a certeza da unidade. Caminho minha missão que canta com alegria, enquanto meus pés acariciam a terra delicadamente.

Enquanto passeio pelos olhos de cada viajante da roda, vejo as fagulhas de luz acesas. Algumas com brilho forte e acordado, outras com um foguinho recolhido que anseia por acender.  Assim é a nossa existência, plena de desafios que testam nossa capacidade de sonhar e realizar. A cada pessoa é dada a luz e a sombra e, entre o sim e o não, são os passos que ancoram a nossa jornada. A cada um... o convite para realizar a missão!

Na diversidade mora a grande estrela. É ela que aponta o quão pequenos somos diante da imensidão de possibilidades que a vida oferece a cada instante. Não há verdade única, tempo certo ou opinião soberana. Somos pequenos raios de uma colorida mandala que reluz perspectivas distintas e verdades relativas. No entanto, se nossa morada é a Integridade, somos de uma grandeza sem fim. Acolhemos, abraçamos, aceitamos, incluímos, aprendemos, perdoamos. E assim... nos tornamos seres melhores!

Vivenciar a diversidade que as Danças Circulares Sagradas proporcionam, dando as mãos e caminhando junto com pessoas muito diferentes de nós, é profundamente curador. Somos convidados a sair do nosso mundinho interior lotado de saberes para nos abrirmos aos outros mundos que habitam cada ser que está do nosso lado, na frente ou atrás. Esta singela atitude é refrescante, libertadora, inteiramente simples, dificilmente fácil. Exercitar a diversidade é parte essencial da minha missão de vida, e por isso eu danço.

Dançamos a fluidez das águas, exercitado as qualidades de flexibilidade, leveza, limpeza e purificação. Honramos as águas internas e externas, trazendo consciência para as águas do nosso corpo, em sintonia com as águas da chuva, do mar, do rio e de tudo o que flui de forma límpida e transparente, derretendo nossa rigidez.

Quando as pessoas se juntam com um propósito comum, tendo a música e a dança como apoio, unidas pelas mãos e pelos sonhos na ancestralidade do círculo, o que floresce é quase mágico. Tão simples como um copo de água, tão complexo como as geleiras congeladas no tempo, a Dança Circular Sagrada é fonte pura de inesgotável presença, como uma enorme cachoeira que jorra água em abundância.


Passeio por seus portais de melodia, piso firme em ritmos calmos e acelerados, estico os braços em direção ao céu e agradeço. Aprendo quando ensino, recebo quando dou. Sei que minha vida entrou num compasso de espiralidade sem fim, conectada com uma sabedoria que me guia a cada desafio, na dor e no amor. Na fluidez das águas, eu danço a minha missão!




Fonte: https://dancacircular.com.br
Por: Deborah Dubner

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